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Moda sustentável é tendência para o período pós-pandemia

Crise mundial gera reflexão e busca por produtos e serviços que ofereçam menos impacto ao meio ambiente

A ameaça direta à saúde global, trazida à tona pela pandemia de Covid-19, mostrou a fragilidade do ser humano e como a sua sobrevivência depende de um ambiente saudável e equilibrado. Diante de tal situação, a tendência é de que muitos consumidores voltem os seus olhos à sustentabilidade e questionem o impacto dos seus hábitos de consumo para o planeta, apontam especialistas.

Há algum tempo a indústria da moda vem buscando acompanhar essa tendência desenvolvendo produtos mais sustentáveis e com menor impacto ao meio ambiente, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. Segundo a Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção, considerando uma perda de 10% do tecido no processo de corte para a confecção, estima-se que sejam geradas, anualmente, em torno de 170 mil toneladas de resíduos têxteis no Brasil.

A redução da poluição gerada pela cadeia produtiva da moda, assim como a reciclagem e o reaproveitamento de materiais, são uma estratégia de negócio para muitas marcas que visam exercer um papel ativo na transformação dessa realidade atraindo também, através de suas ações, a admiração e a fidelização desse consumidor que está cada vez mais atento à estas questões.

O relatório BranZ Global 2020, da Kantar Ibope Media, mostrou que 84% dos consumidores estão interessados em adquirir produtos de marcas que apoiam causas com as quais eles se identificam e 93% declarou estar em busca de confiança e transparência. Esses dados revelam que as pessoas estão mais preocupadas com o consumo consciente e vem exigindo das empresas investimentos em ações e produtos que ofereçam menor impacto à natureza.

A marca brasileira-canadense Core Case, que há 10 anos produz artigos sustentáveis para o setor de mineração, desenvolveu uma linha de roupas e acessórios com peças feitas com poliamida biodegradável, algodão orgânico e de matéria-prima feita a partir de garrafa pet. Há quase dois anos a marca vem aplicando à moda a mesma política utilizada no setor da mineração, ao priorizar insumos que ofereçam menor impacto ambiental.

“Nós priorizamos o uso de materiais e tecidos biodegradáveis. Algumas peças possuem 50% de algodão orgânico em sua composição, ou seja, matéria-prima feita sem uso de produtos químicos, além de tecidos feitos a partir de pet reciclado. Na parte de mineração os nossos produtos já são feitos a partir de material 100% reciclado. Então, na linha de vestuário, nós trabalhamos o máximo possível com itens que remetem à sustentabilidade, um dos pilares principais da marca”, conta o CEO e fundador da Core Case, Daniel Bortowski.

Além da escolha por materiais que ofereçam menos impacto, o conceito da sustentabilidade também está implícito em outras características dos produtos desenvolvidos pela marca. Daniel explica que a ergonomia e a resistência são outros pilares importantes na linha de roupas e acessórios, por isso, a Core Case aposta em peças que ofereçam conforto, proteção solar e durabilidade, fatores que incentivam o uso e prolongam a vida útil de cada item.

O conceito de reaproveitamento também foi aplicado à primeira loja física da marca, que foi instalada dentro de um ônibus canadense antigo. O veículo, modelo FORD B-700, estava parado há anos e sem possibilidade de uso. Então ele foi reformado e transformado na Eco Bus Store, espaço que recebeu uma decoração especial, que reproduz o conceito da marca e sua forte conexão com a natureza.

De acordo com Eduardo do Rosário, gerente de marca da Core Case, a substituição da matéria-prima empregada nos cases feitos para a mineração já poupou mais de 50 mil árvores ao longo dos 10 anos em que a marca atua no segmento. Mas Rosário observa que o conceito de sustentabilidade precisa ir além da escolha por produtos que respeitem a natureza.

“A sustentabilidade precisa ser encarada e aplicada como um todo. A sociedade, de modo geral, precisa saber fazer o uso correto do que consome, melhorar o descarte de lixo, reduzir o desperdício de água, assim como outras ações. Existe toda uma cadeia que precisa ser mais responsável com o meio ambiente. A sustentabilidade não pode ser reduzida a uma ação isolada, pois depende do comprometimento de todos”, afirmou.